Foi a rádio que me descobriu

Foi a rádio que me descobriu. Como jornalista canivete suíço local que era saltei da redacção do jornal para o estúdio da rádio em altura de aperto. Havia toda uma noite de eleições autárquicas para acompanhar. E não foram umas eleições quaisquer, foram apenas AS eleições mais marcantes e fracturantes na história das terras de Dom Fuas. Na mesma noite comentei resultados no estúdio (naquela mesa mítica em que um dos suportes era milimetricamente feito a partir de um pedaço de madeira e uma lata) e fui repórter no exterior. Foi amor imediato pelos directos e pela adrenalina. O que mais gostei em fazer rádio é a sua capacidade em fazer crescer o tempo. Um minuto é um tempo gigantesco de espera para se entrar no ar. Três minutos de noticiário retiram o fôlego. Uma hora de emissão especial parecia todo um serão e criava cansaço equivalente a toda uma jornada laboral.
É bom sentir saudade desses tempos. Significa que valeu a pena pelas memórias boas que agora me acompanham.
Há traços que me acompanham até hoje. Continuo a colocar a voz ao telefone quando falo num contexto profissional.
Há angústias que deixaram de existir a cada nova constipação ou surto de tosse.
O vídeo não matou a rádio e nem a Internet matará, porque afinal, quem é que não gosta de dois bons dedos de conversa?

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